sexta-feira, 9 de novembro de 2007

A arte de lavar pratos

Essa aí é a versão avacalhada da pia da green house. No entanto, se eu convidar você para vir aqui, dificilmente verás uma imagem como essa. Sempre que eu chamo alguém para visitar a green house, a primeira coisa que faço é lavar todas as vasilhas, pratos, copos, a própria pia e deixar tudo nos trinques, brilhando e com cheiro de detergente.
É que entendo que arrumar cozinha é como escovar os dentes de uma casa. Não há como explicar melhor a importância de ter uma cozinha limpa, arrumada e organizada. Ainda assim, mesmo reconhecendo a importância de manter a cozinha em tal status, não posso dizer, nem de longe, que gosto da atividade de lavar e enxugar pratos, vasilhas e talheres. Aliás, não só eu como a maioria das pessoas que votou na primeira enquete que fiz no blog. Cerca de 80% dos votantes disse que “arrumar cozinha” é a atividade que mais estressa um solteiro, sozinho e sem empregada.
Eu, particularmente, sempre soube que não gostava de arrumar cozinha, mas tive a certeza disso em uma ocasião recente, quando começaram a quebrar os copos aqui de casa. Veja você que, morando sozinho, eu tinha 12 copos de vidro, seis xícaras que fazem par com seis pratos, além de duas tigelas, seis garfos grandes, seis garfos pequenos, seis colheres grandes, seis colheres pequenas e seis facas (tudo no estilo green house, como podem perceber pelas imagens).
Existem semanas que são tão corridas que eu utilizo uma estratégia simples para adiar a lavagem da cozinha. Vou utilizando todos os copos, xícaras, pratos, talheres e vasilhas até que se acabem, ou que chegue o fim de semana, para que eu possa, com calma lavar tudo. Minha única precaução é jogar um pouco de água, tirar o grosso da sujeira, ou deixar de molho alguma peça para que a sujeira não agarre (é claro que isso eu também só aprendi com o tempo)...

O agravante aqui em casa, como você pode perceber na foto, é que os copos não foram feitos para serem lavados. Por mais longos que sejam meus dedos e as esponjas da casa, eu não consigo chegar ao fundo do copo com força suficiente na esponja para que a limpeza seja feita com rapidez. O fundo do copo sempre dá mais trabalho e, lá em cima, na fina boca do copo, chego ao ponto de arranhar e cortar a mão ao tentar alcançar as sujeiras mais resistentes presentes no fundo do copo. É um drama!
Demorou pelo menos seis meses para que o primeiro copo daqui de casa se quebrasse. E, logo que isso aconteceu, eu descobri que isso não era tão ruim assim. Era um dia comum em que eu estava a lavar pratos enquanto ouvia música alta e se preparava para um evento qualquer da green house. Quando peguei um copo e comecei a ensaboá-lo, ele se desvencilhou de meus dedos e ameaçou cair. A única reação que nós temos nessa hora e tentar juntar as mãos e empurrar o copo para o alto, o que faz com que ele caia ainda mais longe e de uma altura ainda mais alta do que ia cair.
O copo girou no ar algumas vezes, refletindo o sol que batia na janela, como que se fosse em câmera lenta. Naqueles milésimos de segundo que separavam a perda de contato com minha mão e o impacto de sua pancada ao chão, não foi possível fazer nada de concreto... apenas passaram, de relance, algumas coisas pela minha cabeça.
Lamentei que teria um copo a menos, que daria algum trabalho para juntar os cacos, que ainda molharia o chão... enfim... quase cheguei ao ponto de xingar um palavrão.
Mas quando o copo bateu no chão e se quebrou... parece que um trauma estava acabando. Sabe aquele ditado de que os obstáculos só realçam sua real dimensão quando chegamos nele? Pois é. Quando aconteceu a queda é que enxerguei que estava me libertando.
Sim! Eu estava me libertando. Juntei os cacos... em um processo que não durou 30 segundos. E enquanto fui jogando tudo fora, eu olhei para a pia e percebi que tinha um copo a menos. Lógico! Como não pensei nisso antes? Agora eu não precisava mais lavar aquele copo. Nem hoje, nem amanhã, nem nunca mais. Ele poderia ficar ali, sujinho sujinho, dentro da sacola de lixo, até desembocar, sei lá onde, no lixão da prefeitura.
Parece zoação, mas realmente fiquei feliz com a quebra daquele copo e, não sei se foi coincidência, mas a partir daquele dia, em menos de seis meses, outros quatro copos se quebraram aqui em casa. A pia está ficando cada vez menor, e a vida melhorando a cada dia.
No próximo episódio, o drama da falta dágua!

7 comentários:

Anônimo disse...

Engraçado... Vc começa dizendo que lava as louças qndo alguém vai aí... E depois compara com escovar os dentes! Epa! Quer dizer q se ninguém for te visitar vc fica com aquele bafão de onça?

No mais, lavar louça é uma das tarefas que menos me incomodam (na agora finda vida de solteiro morando sozinho). Varrer é a coisa que mais me irrita. Quanto ao fundo do copo, existem escovinhas para vc não precisar se machucar para lavar os restinhos.

PS: Minha já quase ex-casa tb é toda decorada em verde...

Unknown disse...

Esse meu irmão caçula é mesmo uma figura!!! Estou com dor na mandíbula de tanto rir, o pior é que vejo a cena direitinho na minha frente, kkkkkkk.

Ricardo Corrêa disse...

Kkk. Sabia que alguém ia fazer esse comentário sobre escovar o dente. mas eu justifiquei que é "escovar o dente da casa". rs
sobre a história do copo. ja to quebrando todos e substituindo por copo de requeijão. rs :)

Lucas Calente disse...

aqui é um copo, um garfo, uma faca, e uma colher, e um prato é claro.
se juntar, os bixinhos vão gostar.

Anônimo disse...

Eu gosto de lavar louça. Deve ser umas das poucas coisas que gosto de fazer de limpeza dentro de uma casa... por isso que nas duas vezes que fui visitar o Ricardo o ajudei nessa tarefa... abração!

APPedrosa disse...

Ricardo, tenho uma tia que diz que nada melhor que o "cristal Itambé". Mas deixa uns mais bonitinhos para as visitas, tá.
Ana Paula

Ahe disse...

Bacana seu artigo. A comparação de que lavar a pia é "escovar os dentes da casa". Imaginei já uma pia toda suja, atraindo moscas, com aquela vista horrorosa de desleixo.
Aqui uso um copo só. E de metal. E se vier alguém vai de descartável mesmo! =D