Depois dos dramas em Juiz de Fora e no Rio de Janeiro, minha chegada no aeroporto Salgado Filho foi bem tranqüila. A viagem então, uma maravilha. E as pessoas me acham maluco (com razão) quando conto essa parte, mas achei tão monótona, tão monótona que de vez em quando me pegava três ou quatro segundos torcendo para algo dar errado. Isso mesmo visitante. Estava encantado com a historiazinha das máquinas de oxigênio que cairão em caso de despressurização, ou do detalhe de que as poltronas são flutuantes para que você “retire e utilize para boiar em caso de pouso na água”... coisa que eu ainda tinha visto apenas em filme naquela época. E o encantamento me fazia às vezes olhar para a turbina ou para a asa e torcer para ver uma fumacinha, um pedaço soltando... algo assim. É louco, mas eu queria que algo desse errado com o vôo, de tão monótono. Claro que eu recobrava a consciência de tempos em tempos e pensava: “que loucura... eu querendo que o avião pifasse. Deus me perdoe.”
Mas enfim. Como não era eu no comando, tudo transcorreu bem. Cheguei em Porto Alegre com um sol quente de rachar. Coisa de 38 graus. Inacreditável. E eu com a mala cheia de blusas, calças e outros artefatos mais próprios para a utilização em estações de ski. Mas pera aí: Porto Alegre não é frio pacas? É... mas não no auge do verão, foi o que devia ter pensado. Minha primeira idéia foi jogar as roupas fora, mas claro que não foi nem a primeira nem a segunda coisa que fiz.
Fui para o hotel, ainda com meu mapinha de Porto Alegre, salvo de um desastre no aeroporto. Enchi a boca para falar o hotel que eu estava, a rua, o bairro, as referências. Tirei onda com o taxista. Cheguei fácil e me estabeleci.
Minha viagem estava ótima. O primeiro dia tinha transcorrido bacana, apesar dos R$ 1,50 por quinze minutos de internet, e eu já me preparava pra uma saída no finzinho de tarde quando começa a cair um pé d’água. Caro leitor, com um sol daquele, era de se esperar uma chuva. Mas eu juro, juro mesmo, que nunca vi tanta chuva. Muita mesmo. Alagou certas partes de Porto Alegre. Fazia tanto barulho que eu não tinha coragem de chegar na janela, que dava de frente para uma perfumada fábrica de chocolates. Temporal mesmo que, à noite, no telejornal local fiquei sabendo: chegou ao absurdo de matar três pessoas, levadas pela enxurrada.
Mas gostei de POA. Bacana. Tanto que, dos cinco dias de viagem que tinha, fiquei quatro em Porto Alegre e apenas um em Lajeado, na cidade da região metropolitana onde ficava o jornal no qual eu iria trabalhar.
Com tanto tempo em POA, deu pra fazer algumas coisas. E a mais bacana delas: ir em um jogo do Internacional, no Estádio do Beira-Rio. Aquelas promoções da Nestlé já existiam e pensei: poxa, R$ 10 para ver um jogo do Brasileirão Série A vale à pena. Além do que, o Inter estava cabeça a cabeça com Corinthians e Fluminense na luta pelo título (o Flu depois ficou para trás) e era uma ótima oportunidade para secar o rival. Diga-se de passagem sou Fluminense.
A partida era entre Internacional e Ponte Preta e eu infelizmente só tinha a opção de torcer para a Ponte Preta. Esse foi o primeiro ponto negativo da idéia de ir ao jogo. O segundo é que os R$ 10 não foram lá suficientes. Sem saber onde era o Beira-Rio peguei um táxi. Foram R$ 25 na ida, mais R$ 25 na volta. Só aí R$ 50, mais os R$ 10p do ingresso e R$ 10 de um rádio vagabundo que tive que comprar na porta do estádio pois, na hora de sair correndo do hotel, na chuva, acabei deixando o meu para trás.
Pois é, leitor. Olha que programa de índio. Fui pro estádio na chuva, sem guarda-chuva pois não sabia que naquele lugar poderia entrar com guarda-chuva. Em Juiz de Fora eles evitam. No Maracanã não pode. Pra piorar, gastei R$ 3,50 com uma batata frita pequena, a única coisa comestível de lá e fiquei, no meio da torcida do Inter, fingindo torcer também pro Inter, mas vibrando com os poucos e tímidos ataques da “macaca”, como é chamada a Ponte Preta.
Quando a Ponte fez o gol cheguei a esboçar uns gestos com os braços, mas logo me toquei que poderia ser fatal no meio da massa colorada. E aí disfarcei com um: “brincadeira essa zaga heim!”. Mas para alegria de 99,9% do estádio o Inter venceu por 2 a 1. E eu saí do estádio sem graça e desanimado mas fingindo estar super satisfeito. Em resumo: em Porto Alegre eu agora estava solteiro, sozinho, sem empregada, sem graça, sem guarda-chuva e sem dinheiro...
No próximo episódio, minha ida ao jornal em Lajeado...
domingo, 16 de dezembro de 2007
Episódio 3 - Aventuras em POA
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4 comentários:
Olha, você assistiu mto Lost. Ou então é um daqueles frustrados que não viu nada e finge que viu pra si mesmo. Avião pifar???
Amigo, espero que dessa época pra cá vc tenha melhorado essas idéias tortas...rs
Bjokas
Cara, estou indo morar sozinho, saindo do interior do RS, Uruguaiana, para morar em Itajai.
Aprendi a lavar roupa já!
E só tenho 27 anos, sou um gênio!
Espero muitas dicas uteis, serão vitais.
Abraço tchê.
Cara mto bom seu blog...
se quiser vai lá conhecer o meu tbm
kra seu blog é d+!
não costumo visitar blogs(pura preguiça de ficar lendo textos imensos), mas as suas histórias me fizeram mudar de idéia hehehe
talvez esse ano mudo de cidade e topo o desafio de morar sozinho.
GOd BLess!
http://destroyd.deviantart.com
www.flickr.com/destroyd
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