domingo, 2 de dezembro de 2007

Onde está a chave?

Esse é mais um daqueles posts em que vocês ganham o direito de rir da minha desgraça. E sei que esses são os que vocês gostam mais... Pois bem, a história é tão dramática ou mais do que as situações em que fiquei sem ônibus e sem dinheiro lá em Contagem, ou nas quais peguei a linha errada e fui parar lá em Macacos... É a típica coisa que acontece com um solteiro, sozinho e sem empregada. Principalmente por morar sozinho!
Fim de semana, principalmente quando tinha acabado de me mudar para cá, eu sempre usava para ir a Juiz de Fora ver a família. Agora nem tenho ido... mas antes eu ia duas, até três vezes em um mesmo mês. E em uma dessas ocasiões aconteceu algo que eu não vou esquecer tão cedo...
Minhas viagens a Juiz de Fora costumam ser corridas, chegando lá no sábado de manhã e voltando na madrugada de segunda-feira. Então preciso aproveitar ao máximo o tempo que ficou lá. Isso quer dizer que não tenho tempo para pensar em outra coisa e talvez tenha sido esse o motivo do desastre que me acometeu.
Já cansado do fim de semana, cheguei à rodoviária de Juiz de Fora 45 minutos antes do horário do ônibus partir e fiquei lá, fazendo hora até dar o tempo de partir de volta pra BH. Eu tenho essa coisa de horário. Acabo chegando cedo nos lugares para não atrasar. E fico lá, entediado, enquanto a hora não passa.
Demorou, mas chegou a hora de vir. Sento no ônibus, me acomodo, abro minha coca-cola, espero o ônibus sair do lugar e coloco o mp3 player para tocar paulinho da viola. Quando to no “quando a vida nos cansa e se perde a esperança o melhor é partir” toca meu telefone. Era minha mãe, que não rodeou demais:- Meu filho, tenho uma notícia ruim para você – disse, emendando.
- Você esqueceu sua chave aqui. Acabei de notar.
Eu sou um idiota então antes que perguntem se eu não tenho uma cópia em outro lugar eu respondo: eu tenho uma cópia da chave da minha casa, que está lá... em casa, dentro de casa.
Pois é. E não havia mais como voltar. Eu fiquei 45 minutos lá na rodoviária fazendo hora e ninguém, nem mesmo eu, percebeu que eu tinha esquecido a chave. Quando o ônibus partiu a chave foi descoberta. É o tipo de coisa que quem já leu os posts abaixo sabe... só acontece comigo!
Pois é. E aí eu tinha 4h15 minutos (é o tempo de viagem de JF pra BH de ônibus) pra traçar um plano mirabolante para solucionar a questão. Eu ia chegar em BH 4h30 da manhã mais ou menos... então não tinha a mínima idéia do que fazer para entrar em casa.
Minha primeira opção era tentar um asilo. Liguei pra casa do Marcelo, esse vizinho que mora no prédio e que sempre pode ser útil num momento como esse e detalhei a situação. Perguntei o que ele tinha de sugestão e meio que propus de ficar lá fazendo hora entre 4h30 e 8h, quando chamaria um chaveiro para arrombar a porta e liberar minha entrada. Ele falou que tava beleza mas depois lembrou do fato mais lastimável.
A porcaria do colchão que eu ficava quando tava hospedado lá estava, como minha chave reserva, dentro da minha casa. Ou seja, não adiantava. E nem sofá o cara tem também, antes que alguém dê essa sugestão.
O segundo passo foi tentar um chaveiro 24hs. O Marcelo arranjou um catálogo na portaria e me passou os telefones. Quando cheguei em Barbacena, na metade do caminho, liguei pro pobre coitado que trabalha até de madrugada... Claro que o cara não fica lá trabalhando a noite toda. È esquema de plantão. Ele deixa o telefone do lado da cama dele e acorda assustado com voz de sono.
Eu detalhei a situação. Perguntei quanto custava para arrombar a fechadura, trocar e expliquei (isso era 2h... mais ou menos) que eu só chegaria às 4h30 da manhã... Ou seja, basicamente eu disse pro cara: pode dormir mais um pouco. Só to te deixando de sobreaviso porque vou te ligar daqui a pouco pra tu vir aqui trocar a fechadura.
Cheguei, avisei na portaria e fiquei lá aguardando o cara. Entramos no prédio e, como eu nunca precisei arrombar uma fechadura de madrugada, não tinha a mínima noção de onde ficava a luz do corredor.
E aí, mais uma vez, fiz papel de ladrão né. Imagina, 4h30 da manhã... eu lá no corredor escuro, falando baixinho e o cara lá tentando arrombar a porta, com uma luizinha pendurada na testa e cheio de ferramentas. Só que nesse caso, como era o chaveiro que estava fazendo o serviço, eu fazia o papel de “mandante” do crime apenas.
Eu fiquei desesperado com medo de que alguém aparecesse. E se dona Maria do Carmo pensasse que era um ladrão e já saísse atirando pelos corredores? Até eu me explicar... e ela ainda iria alegar legítima defesa, lembrando que eu roubei o sal dela uma vez.
Sorte que o chaveiro era bom arrombador de portas e conseguiu abrir aquela fechadura vagabunda em menos de 2 minutos. O problema maior veio depois. Acredita que o infeliz não levou a fechadura nova? Disse que precisava medir, de acordo com a fechadura antiga e eis que tive que ficar lá esperando, com a porta sem fechadura, até que o viadinho fosse lá no serviço ou na casa dele buscar uma fechadura nova e voltasse.
E aí não sei se vocês se tocaram... eram 4h40 da madrugada! Eu não tinha dormido, primeiro pois já não consigo dormir em viagem... segundo pois passei o tempo inteiro bolando uma solução para o problema da chave. E pra piorar: eu tinha que trabalhar às 10h da manhã!!!! Sem poder dormir, o que eu fiz? Coloquei um colchão na sala encostado na porta, com o lado do travesseiro apoiando para que não abrisse... para tomar conta das minhas coisas enquanto não tinha fechadura e fiquei lá tentando cochilar, durante duas horas, até que o cara voltasse com a porcaria da fechadura nova. E trouxe uma fechadura mais vagabunda do que aquelas de armário de escola pública.
Claro que, quando chegou, eu não tive coragem de mandar ele voltar para buscar uma fechadura melhor... Até porque eu tava morrendo de sono e queria que ele resolvesse o problema para que eu fosse dormir em paz. E assim foi feito. Serviu pelo menos para trocar a fechadura da casa, já que eu desde que tinha mudado não tinha trocado. Mas vamos às simples lições do episódio:
1) Chaveiro 24h, arrombamento de porta e fechadura nova: 80 reais
2) Ficar horas desesperado no ônibus sem saber como entraria em casa, horas acordado escorando a porta com a cabeça e ver uma fechadura vagabunda ser colocada em sua casa: não tem preço.
Algumas coisas na vida o dinheiro não compra. É necessário ter inteligência. Para todas as outras existe mastercard...

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4 comentários:

Anônimo disse...

Como pode!!! A quem está entregue o jornalismo brasileiro!!! Quer dizer que um dia, por exemplo, esse cara terá um furo fantástico pra publicar, mas esquecerá em Juiz de Fora a chave do cofre onde guardou as anotações, e aí, nada feito??
Toma jeito, camarada!!
Seguinte:
1. O básico: Uma cópia de suas chaves de casa no trabalho (é só ir lá e buscar quando perder).
2. Uma cópia de suas chaves do trabalho em casa (idem).
3. Mais uma cópia de todas as suas chaves em um local de confiança, como com esse tal Marcelo.
E sem chaveirinho verde, faça-me o favor...

Anônimo disse...

Vou te mandar um chaveirinho do palmeiras, para voce deixar sua chave no Marcelo... e tenha uma chave dele com você também! Mas não se preocupe, isso acontece com todo mundo, só não acontece comigo porque todo o meu prédio tem chave do meu apto. E acredite, eu já precisei muitas vezes. beijos

Ricardo Corrêa disse...

Suspeito de quem seja o responsável pelo post de cima. rs
Mas se eu seguir essa história de não usar chaveirinho verde, nao vai rolar o chaveirinho do palmeiras que a camila vai me emprestar. rs

Cássia disse...

Boa, Ricardo, só você mesmo... Se fosse eu, teria ligado (claro) pro chaveiro... Mas daí a ficar acordado horas pensando, pensando... ah, não... Ia era me afundar na poltrona, dormir um soninho, ouvir música, e deixar pra queimar as pestanas quando chegasse em casa!
(Agora tô de férias da facul, sobra mais tempo pra ficar de bobeira na net... Estreiando comentários aqui hoje! rs)