sábado, 23 de fevereiro de 2008

Contrabando de pipoca

Como já falei em posts antigos, não é só aqui na green house que sofro com dramas incontáveis. A vida de um solteiro sem empregada é difícil até mesmo fora das quatro paredes e mesmo quando não estamos sozinhos. Principalmente quando a pessoa que está com a gente é tão fadada a situações inusitadas como nós. Pois bem. No último final de semana viajei ao Rio de Janeiro, para visitar uma grande amiga dos tempos de faculdade, ver um jogo de futebol e voltar mais vivo do que nunca. E minhas viagens, como mostra o post sobre a ida a Porto Alegre, não são comuns.
Dessa vez, entre várias situações engraçadas, aconteceu uma que realmente tem a minha cara. E a cara da Vanessa, essa minha amiga figuraça também. Com tanta coisa para fazer no Rio e com pouco tempo para aproveitar, decidimos ir ao cinema no domingo. Ver dois filmes!!!
Vanessa é fanática por pipoca. Eu nem sou tanto, mas ela é. E cismou que a pipoca do cinema onde íamos, em Botafogo, era ruim. Muito melhor era a do Cinemark que ficava no shopping uns dois ou três quarteirões à frente. Não pensei duas vezes e, preocupado com seu grande interesse pela pipoca, aceitei que comprássemos o produto no shopping. Só que nem me toquei, ou talvez nem soubesse, que estavamos comprando pipoca de um cinema para entrar em outro cinema, concorrente aliás...
Como já havíamos devorado batatas recheadas antes do primeiro filme, decidimos que compraríamos a pipoca apenas para o segundo filme. E traçamos nosso plano mirabolante: Vamos ao cinema, assistimos "Os fracos não têm vez", que terminaria por volta de 21h. Saímos de lá, vamos ao tal shopping, enfrentamos a fila da pipoca de lá, compramos a pipoca e voltamos às pressas para assistir "Sweeney Tood" às 21h40.
Vimos o primeiro filme e fomos em busca da pipoca. Compramos aquela maior possível. Se tivesse outra ainda maior compraríamos. E, fomiagem, sugeri que comprassemos também aqueles copos de refrigerante de um litro. Um para cada. Precisei quase assinar um contrato garantindo a ela que, se ela não aguentasse o refri dela, eu tomava ele também. Saí de lá com aqueles dois copos gigantes e a pipoca igualmente gigante. E nesse exato momento é que eu percebi a burrice que estávamos fazendo.
Dois copos com letras garrafais: CINEMARK. E uma pipoca com a mesma inscrição. Inocentemente perguntei: "Vanessa, será que nós podemos entrar com isso lá no outro cinema?" Era bem provável que não. Normalmente não. E aí entrei em desespero. A cada escada rolante que descia no shopping (aquele troço devia ter uns 10 andares) o meu desespero aumentava e não conseguia pensar em uma solução. Cheguei a olhar no relógio e vi que chegaríamos faltando 10 minutos no máximo para o filme, tempo insuficiente para comer a pipoca e tomar o refrigerante caso o porteiro não nos deixasse entrar com aqueles produtos.
Então a Vanessa começou a agir, de forma tremendamente cara-de-pau. Passou em um Bobs e pediu uma sacola. Colocou a pipoca na sacola. Implorei para que ela conseguisse mais duas pros refrigerantes. Ela foi então a um Mcdonalds, mas não conseguiu nada por lá. Encontramos outro Bobs em um andar mais abaixo e conseguimos obter mais uma sacola. Sem opção, dei um jeito de colocar os dois refrigerantes dentro da sacola, tomando cuidado para segura-los com a mão até a entrada do cinema, quando eu teria que descer a sacola e equilibrar com toda habilidade do mundo para que não entornasse.
Mas aí veio minha segunda análise e inocemente voltei a perguntar: "Vanessa, será que podemos entrar com coisa do Bobs no cinema?". A resposta foi uma gargalhada. E embora fosse por achar a situação engraçada, para mim, naquela altura, pareceu aquelas risadas macabras de filme de terror. Meu deus, pensei, "esse se f...".Mas Vanessa é incansável e não é a toa que é uma das minhas melhores amigas. Vendo meu desespero e provavelmente desesperada também, invadiu uma loja da Casa e Vídeo em busca de uma sacola. O segurança tentou barrá-la e apelou: "Senhora, não pode entrar por aí". Ela queria entrar pela saída e explicou que precisava apenas de uma sacola. Um sacolão daqueles amarelos da Casa e Vídeo não poderia ser barrado no cinema. Mas a Casa e Vídeo barrou a sacola: "sacola só pra cliente", reiterou o segurança.
Não havia mais jeito. Estávamos na porta do cinema. Sem tempo para pensar em outra coisa. Colocamos a pipoca gigante dentro da bolsa igualmente gigante da Vanessa, com muito cuidado para não entornar. Abaixei a sacola dos refrigerantes com cuidado para que isso também não acontecesse com o líquido. Fiquei imóvel, andando lentamente com a sacola encostada na perna e com a logo do bobs para o lado de dentro. Vanessa encostou do outro lado para impedir a visualização melhor da sacola. Pareceu um balé tão coreografado que foi. Mas quando íamos entrar no cinema, Deus colocou mais uma pedra em nosso caminho.
O viadinho que cuidava da entrada cobrou a carteirinha de estudante da Vanessa. E aí aumentou o risco de sermos descobertos como contrabandistas de pipoca. Ela abriu a bolsa lentamente e tentou pegar a carteira. Apenas uma pipoca pulou para o lado de fora. Mas era o indício de que o pacote tinha virado lá dentro, com pipocas e uma carga de manteiga se espalhando por entre tudo que tinha lá.
Aquela pipoca viajando para o lado de fora da bolsa foi como um peixe pulando para o lado de fora do aquário. E, ao invés do desespero, provocou uma crise de riso terrível em nós dois. Nós lá, passando mal de rir, e o cara olhando a carteirinha de estudante como quem pensa: esses idiotas estão rindo de que? Será que eles estão me enganando? Será que carteirinha é falsa?
Por sorte ele resolveu não levar aquilo adiante. Conferiu a carteirinha e liberou nossa entrada. Rimos até o início dos primeiros traillers.E, por garantia, deixamos para abrir a pipoca e o refrigerante só depois que as luzes se apagassem, para que não fossemos descobertos.
No fim, deu tudo certo, apesar de mais uma vez descumprir as leis. O filme foi ótimo, a pipoca e o refri também. E, ah, sim... eu tive que tomar uma boa parte do refrigerante da Vanessa, pois ela não aguentou. :)


Como não estou escrevendo todos os dias, como no início, sugiro que cadastrem-se na barra direita, mais para cima, colocando o nome, o email e a cidade para que eu avise quando novas postagens estiverem aí.

6 comentários:

Anônimo disse...

$$$$$ Ih, o blog do cara rompeu a barreira dos cinco mil dólares!!! Nunca antes neste país um blog de sem empregada havia superado este valor!!

Liliane Pelegrini disse...

Louco, louco, louco.
Aff.
:oP
Ah, comecei hoje, enfim, a alerdeada coluninha no meu blog em contraposição a este seu.
Beijo!

Vanessa Oliveira disse...

hahahahahha
Muitas risadas lendo seu texto!! Comecei a lembrar das cenas ridiculamentes engraçadas e me deu mais saudade ainda!;o)
Aliás, comi uma bacia de pipoca hoje. Bom dia para ler a história sobre o nosos contrabando...rs
Bjokas!!!

Unknown disse...

vim pelo orkut e me identifiquei! ahuaha, sou sozinha e sem empregada! Tenho panico de um dia meu chuveiro quebrar pq não sei como funciona um 'veda-rosca' e mesmo você não gostando de café, pelo menos na Coca tem cafeína! hahah
bjin e parabéns

Kat disse...

Olha, que eu saiba, agora existe uma lei que impede que os cinemas barrem qualquer alimento de fora - pode levar ate `frango com farofa`.
Da uma pesquisada pra evitar apuros futuros!

Daisy Motta disse...

Por uma boa pipoca vale qualquer sacrifício...