Muita coisa mudou desde que escrevi meu último post aqui no blog. Mas se tem alguma que segue intacta é a vocação de um solteiro, sozinho e sem empregada para passar raiva e se meter em confusão. Então podem se preparar. Ou vão rir mais uma vez de minha desgraça ou vão chorar ao meu lado.
Antes da história, um aviso: não esperem que eu volte a atualizar o blog com frequência, pode até acontecer mas não farei o compromisso. A última coisa que quero agora é um novo compromisso... Pelo menos não desse tipo.
Pois bem, caros leitores. Eu estou de casa nova, a green house já faz parte do passado e agora minha vida é aqui no Castelo. Ainda preciso de um nome para a casa, mas, enquanto isso não acontece, minhas aventuras vão sendo contadas fora dela.
Meus reveillons não costumam ser perfeitos. Aliás, tirando um deles, todos os outros passaram longe de serem pelo menos bons. Meus natais são ótimos. Sempre em família. Meus reveillons são péssimos. No dia que eu chamar um de vocês para passar reveillon comigo, esqueçam. Está fadado a dar errado.
O deste ano não deu errado, propriamente dizendo. Ia tudo muito bem até o dia 2 de janeiro. Fui com o Diogo, a Aline e a Marcelle passar a virada do ano em Arraial do Cabo. Foi bacana, embora o sol só tenha aparecido nos dois primeiros dias. Troquei a cor "branco fantasma" por "branco escritório". Já é alguma coisa, né?
Marcelle comeu biscoito Globo no meu carro. Farelos pra todo lado. E cada um de nós fazia questão de jogar uma tonelada de areia no chão do veículo ao entrar. E eu nem aí. Parecia que já sabia que a limpeza do carro seria o de menos. Até porque, depois de tomar vinho quente e champagne na areia, enquanto sambava ao som de uma banda muito da sem vergonha, preocupar-se com a sujeira seria até paranoia.
No dia 2, nós saímos de Arraial às 10h. Era para ter saído mais cedo, não fosse o sono causado pelas fofocas que Aline e Marcelle contaram até 2h da noite anterior. Enquanto o Diogo já dormia há séculos, eu estava lá tentando pregar o olho e ouvindo os nomes mais bizarros de que já tive notícia. Para se ter uma ideia, o personagem principal de uma das histórias atende pelo singelo nome de "Corpo de Boi".
Foi um suplício sair de Arraial, depois de Cabo Frio, depois da região dos lagos, depois do Estado do Rio. Engarrafamentos para todo o lado. Carros lentos, gente com o pé para o lado de fora da janela dos outros carros, deixando claro que era melhor tentar descansar de qualquer jeito pois a viagem seria longa.
Nada como a Serra de Petrópolis para acabar com o stress. Aquele clima perfeito, a pista recheada de curvas, a subidinha no meio da mata. Aquilo é uma pista de jogo de corrida no video-game. Perfeita para dirigir. Subi a Serra sorridente. E nem mesmo aquele funk safado que a Aline achou em uma rádio local tirou meu humor.
De Petrópolis a Juiz de Fora a estrada é perfeita. De Juiz de Fora a Belo Horizonte piora, mas não é nenhuma porcaria. E com a vantagem: conheço bem, afinal é o meu caminho nos últimos 4 anos e pouco...
Só que já eram 20h, chovendo e, na saída de Juiz de Fora, encontrei um carro freando bruscamente no quebra-molas em frente ao posto da Polícia Rodoviária Federal. Bem no momento em que eu e Aline cantávamos que "apenas apanhei, à beira-mar, um taxi para a estação lunar". Eu vou te falar que quase a gente passa dessa tal da estação e sobe mais um pouco viu. Depois que eu bati na traseira de um Golf e consegui até o milagre de acordar o Diogo, que dormia calmamente no banco de trás, nós paramos de cantar. Só o som do carro permaneceu. Uns 20 segundos, até um cara mais idiota do que eu bater na traseira da gente, com muito mais força e quase jogaros quatro ocupantes para fora do carro. Quer dizer, quase jogar a Aline, que, àquela altura, já tinha tirado o cinto com medo do Peugeot Passion explodir. Na verdade quando saímos nem era mais um Peugeot Passion. Esmagado na frente e atrás, meu carro mais parecia um novo Uno. E justiça seja feita: eu também achei que aquela porcaria ia explodir de tanta fumaça que saía do capô.
Pelo menos escolhemos um bom lugar para bater. Em frente ao posto da Polícia Rodoviária Federal. Ali, tinha duas unidades de resgate prontas para nos atender. Eles fizeram o resgate mais rápido da história. Só precisaram atravessar a ruapara encontrar a Marcelle com o joelho doendo e a Aline preocupada por conta da pancada que deu com a cabeça no vidro. Ainda acho que foi no painel, que amassou. Mas ela nega, talvez para não pagar o prejuízo.
Sei que a Aline entrou bem dentro do resgate e, minutos depois, já estava lá totalmente imobilizada. Acho que colocaram esparadrapo até na boca da coitada, para que ela não dissesse que estava bem. E o Diogo ficou espantado: "Ela entrou bem e agora está assim? O que fizeram com ela?"
E enquanto, de sirene ligada, as meninas iam para o HPS de Juiz de Fora, eu e o Diogo ficamos lá esperando o guincho, o táxi do seguro e o fechamento da ocorrência. A ocorrência nem fechou naquele dia, mas a polícia me deu um papelzinho com o número da comunicação e alguns dados, para que eu pegasse depois pela internet.
Foi quando um simpático cachorro avançou em minha mão para tentar comer os dados da ocorrência. Aí é que está, caros leitores. Tem coisas que só acontecem com um solteiro,sozinho e sem empregada. Bater acontece com todos. Fazer ocorrência, esperar guincho, táxi, acontece com todos. Sentir dores no pescoço, no joelho e nos tornozelos por três dias acontece com todos. Ter os dados da ocorrência comidos por um cachorro de rua que mora do lado de um posto da polícia rodoviária federal no meio do nada só acontece com um solteiro, sozinho e sem empregada.
Eu nem sei que horas eram quando passamos no HPS para pegar a Marcelle e a Aline. Por sorte (e eu ainda acho que tenho sorte) a batida foi na saída de Juiz de Fora, minha verdadeira casa. Dormimos por lá e só viajamos de volta para Belo Horizonte no outro dia.
Aí vocês vão achar que o drama acabou. Esquecem que falamos de um solteiro sozinho e sem empregada. A batida na traseira do carro esmagou o porta-malas e, com isso, não era possível abri-lo. Nossa bagagem ficou lá e nem o banco rebatia para tirar. Dormimos e viajamos de volta para BH sem bagagem. Só foi possível recupera-la no outro dia, no fim da tarde, na oficina para onde o carro foi levado.
E aí você me pergunta: que mal tem ficar sem a bagagem por um dia? Considerando que sou um solteiro, sozinho e sem empregada... tudo. A começar que fiquei sem meu laptop. E sem o modem 3G que eu ligo internet em casa. Não tenho internet a cabo na casa nova ainda. Também fiquei sem o carregador do celular. E, é claro que, sendo um solteiro, sozinho, sem empregada e azarado, a bateria ia acabar. Fiquei sem pente e, pasmem, sem ferro de passar roupa. Aí você me pergunta: por que motivo esse idiota levou um ferro de passar roupa para a viagem na praia. E eu sei? Não usei, mas levei. E ainda tenho que aguentar as piadinhas: "nossa, mas você levou ferro mesmo". Levei.
Fiquei um dia sem celular e sem internet. Mas considerando que moro sozinho e não tenho telefone fixo, estava incomunicável. Não podia passar a noite assim e, por isso, resolvi que ia comprar outro carregador de celular quando chegasse a BH. Só que um outro acidente na estrada causou um engarrafamento, nosso ônibus atrasou, chegou depois que o comércio do centro de BH já estava fechado e, com uma chuva dos diabos (meu guarda chuva eu esqueci no táxi da seguradora) fiquei com poucas opções para comprar o tal carregador. Resultado: andei por lojas da rodoviária procurando qualquer um que tivesse e encaixasse no celular da Nokia.
Veja: eu não tenho dado muita sorte com celulares. Meu Iphone foi roubado, um Scarlet da LG deu problema no touch, um motorola estourou a tela de cristal líquido e agora estava eu com o meu Nokia sem bateria. O menor dos problemas não fosse a porcaria do carregador universal que achei para comprar na rodoviária. Não confiei muito mas, por oito reais, e sem opções, levei aquele lixo para casa. Aquilo não só não carregou a bateria do celular como ainda deve tê-la estragado, pois, agora, ela não carrega de nenhuma maneira. Nem mesmo com o carregador original, que resgatei da mala. Ou seja: mais um celular fora de serviço.
Para piorar, enquanto deixei a bateria carregando, deitei e cochilei. Quando acordei, já passava a meia noite. Eu não tinha avisado minha família que tinha chegado, ninguém sabia se eu estava bem, se eu não estava e eu não tinha telefone nem para pedir comida. Passei a noite com fome e acordado, já que meu celular é o meu despertador. Se eu dormisse, não acordava nem para trabalhar no outro dia.
Às 5h, fui para a rua procurar um táxi. Desci para o centro, comi um pastel e um caldo de cana na rua da Bahia e fui caçar algum lugar para comprar um celular. Acreditem: às 6h30 da manhã, achei uma lojinha do lado da rodoviária, que vendia celulares e estava aberta!! Comprei um por 100 reais. E mais 10 reais do carregador. Uma porcaria. O pior celular do mundo. Nele, o plural de "Perfil" é "Perfils". Pra vocês terem uma ideia...
Minha vida ainda não voltou ao normal. O novo Uno, digo o Peugeot Passion, segue parado na oficina referenciada pela seguradora. Deram 4 opções. Não conhecia nenhuma. Escolhi a que tinha o nome mais bonito. Aliança Veículos. Mas não tocaram no carro ainda, exceto para tirar as malas. A seguradora não sabe dizer o motivo. E eu vou gastando 60 reais de táxi todos os dias para sair aqui do Castelo e ir trabalhar lá na Cidade Industrial de Contagem. A seguradora não sabe o que acontece. Mas essa é outra história, que não tem graça nenhuma...
domingo, 9 de janeiro de 2011
Um táxi para a estação lunar
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Um comentário:
Que saga heim cara! haha, parece que tudo que acontece na sua vida vira uma saga ao ser contada por suas palavras aqui no blog. Pois vem, gostaria de parabenizá-lo por este (blog), de verdade, mesmo. Eu não tenho saco pra ler texto grande, e esse daqui, inclusive mais alguns, colossais e sem formatação (sério, da uma arrumada aqui ^^), ainda soltei umas boas risadas, só pra constar, também sou de BH, Felipe, prazer.
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