terça-feira, 11 de janeiro de 2011

A nova era

O primeiro post da "nova era" bombou de acessos, embora não tenha entrado um comentário sequer. Mesmo assim, recebi várias impressões das pessoas sobre o texto, então resolvi escrever mais um, para situar os velhos e novos leitores desse circo de horrores.

Relembro, caros leitores, que citei o fato de ter mudado de casa no outro post. Faz parte daquela estratégia antiga, citada aqui (http://solteirosemempregada.blogspot.com/2008/04/em-busca-da-nova-green-house.html) de dominar o mundo, digo... aposentar e viver de renda.

Pois é. Comprei a "green house" própria. Que vocês também já sabem que não é green. Ela é, digamos, bege. Eu sei que vão achar brega e antigo eu dizer que a casa é bege. Hoje existem nomes mais sofisticados para as cores. Dia desses, por exemplo, eu conheci a cor "nude". Que, imagino, refere-se à "nudez", ao fato de ser "cor da pele". Acontece que pele cada um tem uma. E eu não consigo conceber um nome de cor que, em cada caso, refere-se a uma cor diferente. Nude, no meu caso, por exemplo, é quase branco, em situação normal, quase vermelho, quando estou na praia, e quase marrom, quando volto de lá.

Mas voltando para a casa (como é bom voltar para casa!), ela é bege, bem maior do que o cubículo que eu morava, e mais distante de praticamente tudo. Exceto do Juscelino, que tem nome de jardineiro, mas nada mais é do que uma chopperia na orla da lagoa, e um dos locais que eu mais frequento quando o sol se põe.

Pois bem. Morar em uma casa maior tem poucas vantagens para um solteiro, sozinho e sem empregada. A maior delas é poder bagunçar os cômodos aos poucos. São três quartos, sendo que um eu transformei em escritório. Sobraram dois quartos nos quais coloquei camas de casal. Assim, se eu bagunçar demais um quarto e ficar com vergonha de receber alguém em casa, posso trancá-lo a sete chaves e fingir que meu quarto é o outro. E sair com essa: "Esse quarto eu nem abri ainda... Ainda vou montá-lo e nem vou abrir pois está empoeirado de obra e vai fazer você espirrar". Aliás, com o advento de dois quartos "gêmeos", tive que recolocar em ação a velha cama que deu origem a esse blog e cuja história foi contada no terceiro post da história desse espaço (http://solteirosemempregada.blogspot.com/2007/11/montagem-da-cama.html).

Outra vantagem da casa grande é poder alagar a lavanderia e deixá-la alagada até o outro dia. Na green house, a lavanderia era a varanda. A terceira é simplesmente mudar de cômodo quando estiver de saco cheio de ficar em casa em um fim de semana de chuva.

Mas é claro que há desvantagens. Quanto maior a casa, mais solteiro, mais sozinho e mais sem empregada você se sente. Principalmente pelo fato de os problemas se multiplicarem. Então, enfim, chego no objetivo do post. Contar algumas agruras que já passei aqui na nova casa.

Os problemas não começaram aqui. Vieram da green house. Aliás, vocês sabem que têm coisas que só acontecem comigo. A começar pelo fato de que eu combinei uma data para a mudança e ela só aconteceu em um outro dia. Isso pois uma figura lá da empresa que contratei confundiu as datas. Resultado: desmontei tudo, desliguei tudo, trouxe tudo o que era possível trazer no carro (em cinco viagens) para a casa nova e, após esperar 3h, descobri que o caminhão não vinha mais. Até o chuveiro eu já tinha trazido para a casa nova. Mas como a cama e os colchões seguiam na casa antiga, tive que tomar banho aqui e andar cerca de 13km para dormir lá.

O problema maior é que eu marquei a mudança para sábado justamente por saber que seria mais prático para que o caminhão encostasse e fosse carregado por móveis. Considerando que morava em plena rua da Bahia, tudo seria mais difícil em plena segunda-feira. Mas depois, como não tinha volta, relaxei e pensei: "problema deles se tiverem que parar o caminhão dois quarteirões para frente, carregando tudo nas costas".

Engano meu. Quem se ferrou fui eu. O caminhão não parou dois quarteirões distante. Parou do outro lado da rua apenas. Só que, com o trânsito infernal, os caras só conseguiam passar com os móveis a cada vez que o sinal fechava. Vocês não têm ideia de quanto tempo demora para que o sinal se feche, na rua da Bahia, e como ele abre rápido novamente. Ou seja: a cada vez que o sinal fechava, dava para passar com um móvel. Quando dava tempo de o cabloco voltar para o lado de cá do passeio, eu até comemorava.

E aí alguém vai dizer: "Mas que cara impaciente. Relaxa!". Aí eu respondo: "A mudança é paga em horas". E alguém vai lembrar a história do ferro de passar roupa do outro post... É. Levei ferro de novo.
Quando os caras chegaram aqui e sujaram toda minha parede recém-pintada, tentando passar com a cama box na horizontal, em vez de simplesmente virá-la, eu nem tive ânimo mais para reclamar. Retoquei a pintura da parede, com tinta que coloquei numa garrafa de coca-cola, para essas eventualidades. E, acreditem, ficou perfeito.

Mudança feita, eu não estava muito disposto a gastar. Quer dizer... Não é que eu não estava disposto. Eu não tenho é dinheiro mesmo. Comprar o apartamento (mesmo financiado) foi suficiente para eu falir completamente.

Mas se tem um dinheiro que gastei, por necessidade, foi com as persianas. Bonitas, até. Custaram cerca de R$ 2.000, o que eu achei um roubo. Mas são quatro. Uma gigante para a sala e três para os quartos. Duas delas eram bastante urgentes. A da sala e a do meu quarto oficial.

A da sala era a que mais me preocupava. E eu explico. Jogo boxe no Wii. É como exercício mesmo. Mas fico igual a um retardado, dando socos no ar e até comemorando as vitórias quando são suadas. E são sempre suadas. Com isso, vizinhos que têm razoável visão de minha sala deveriam ter a certeza de que eu era um retardado. Eu até posso ser, mas as pessoas podem, no mínimo, morrer com a dúvida.

A do quarto era fundamental não apenas para que eu tivesse escuridão suficiente para pegar no sono, mas para que eu não fosse acordado com um sol me queimando a perna todos os dias. E, tenho que confessar, mesmo com a persiana eu ainda sofro com isso. Em dias de calor, durmo com a janela aberta e, como venta demais por aqui, tenho que abrir também a persiana. Aí, no outro dia, às 7h da manhã, acordo sendo torrado por um sol que só acreditava existir ao meio-dia. Fecho a persiana e tento dormir. Só consigo quando a cama esfria novamente.

Falando em vento, é um grande problema. Se abro a janela, ele tenta destruir as persianas. Se abro só um pouquinho, ele bufa, fazendo barulhos de filme de terror. Dia desses meu pai dormiu aqui e eu teimava com ele que havia um caminhão subindo o morro de casa. Era "só" o vento na janela.

Mas o que ainda não aprendi a conviver aqui no prédio é com a situação do síndico. Nada contra o Jerismar. Gente finíssima até. O problema é que escolheram para ser síndico um cidadão que trabalha em uma empresa aérea. Ele é funcionário da Azul, por sinal a melhor companhia na atualidade. E aí, antes que vocês me perguntem: "mas o que tem uma coisa a ver com a outra?", eu explico. O cara nunca está aqui. Eu sei lá se ele é piloto, se é técnico de manutenção ou se ele se veste de aeromoça. Sei lá o que ele faz, mas o certo é que ele está sempre viajando. Na maioria das vezes, para Campinas, onde é a sede da companhia.

O dicionário diz o seguinte: Síndico = administrador do condomínio; cidadão escolhido para zelar pelo patrimônio de uma associação constituída. E aí eu pergunto: faz sentido escolher alguém que nunca está no local? É como escolher como babá a Amy Winehouse. Ou eu estou exagerando?

Mas como em Campinas também tem internet, peço desculpas ao Jerismar pela brincadeira. Se ele for leitor do blog, peço que desconsidere e lembre-se de que eu pago o condomínio rigorosamente em dia. Não fosse meus pagamentos, não seria possível nem colocar luzinha na árvore da entrada do prédio.

Nenhum comentário: