domingo, 16 de dezembro de 2007

Episódio 3 - Aventuras em POA

Depois dos dramas em Juiz de Fora e no Rio de Janeiro, minha chegada no aeroporto Salgado Filho foi bem tranqüila. A viagem então, uma maravilha. E as pessoas me acham maluco (com razão) quando conto essa parte, mas achei tão monótona, tão monótona que de vez em quando me pegava três ou quatro segundos torcendo para algo dar errado. Isso mesmo visitante. Estava encantado com a historiazinha das máquinas de oxigênio que cairão em caso de despressurização, ou do detalhe de que as poltronas são flutuantes para que você “retire e utilize para boiar em caso de pouso na água”... coisa que eu ainda tinha visto apenas em filme naquela época. E o encantamento me fazia às vezes olhar para a turbina ou para a asa e torcer para ver uma fumacinha, um pedaço soltando... algo assim. É louco, mas eu queria que algo desse errado com o vôo, de tão monótono. Claro que eu recobrava a consciência de tempos em tempos e pensava: “que loucura... eu querendo que o avião pifasse. Deus me perdoe.”
Mas enfim. Como não era eu no comando, tudo transcorreu bem. Cheguei em Porto Alegre com um sol quente de rachar. Coisa de 38 graus. Inacreditável. E eu com a mala cheia de blusas, calças e outros artefatos mais próprios para a utilização em estações de ski. Mas pera aí: Porto Alegre não é frio pacas? É... mas não no auge do verão, foi o que devia ter pensado. Minha primeira idéia foi jogar as roupas fora, mas claro que não foi nem a primeira nem a segunda coisa que fiz.
Fui para o hotel, ainda com meu mapinha de Porto Alegre, salvo de um desastre no aeroporto. Enchi a boca para falar o hotel que eu estava, a rua, o bairro, as referências. Tirei onda com o taxista. Cheguei fácil e me estabeleci.
Minha viagem estava ótima. O primeiro dia tinha transcorrido bacana, apesar dos R$ 1,50 por quinze minutos de internet, e eu já me preparava pra uma saída no finzinho de tarde quando começa a cair um pé d’água. Caro leitor, com um sol daquele, era de se esperar uma chuva. Mas eu juro, juro mesmo, que nunca vi tanta chuva. Muita mesmo. Alagou certas partes de Porto Alegre. Fazia tanto barulho que eu não tinha coragem de chegar na janela, que dava de frente para uma perfumada fábrica de chocolates. Temporal mesmo que, à noite, no telejornal local fiquei sabendo: chegou ao absurdo de matar três pessoas, levadas pela enxurrada.
Mas gostei de POA. Bacana. Tanto que, dos cinco dias de viagem que tinha, fiquei quatro em Porto Alegre e apenas um em Lajeado, na cidade da região metropolitana onde ficava o jornal no qual eu iria trabalhar.
Com tanto tempo em POA, deu pra fazer algumas coisas. E a mais bacana delas: ir em um jogo do Internacional, no Estádio do Beira-Rio. Aquelas promoções da Nestlé já existiam e pensei: poxa, R$ 10 para ver um jogo do Brasileirão Série A vale à pena. Além do que, o Inter estava cabeça a cabeça com Corinthians e Fluminense na luta pelo título (o Flu depois ficou para trás) e era uma ótima oportunidade para secar o rival. Diga-se de passagem sou Fluminense.
A partida era entre Internacional e Ponte Preta e eu infelizmente só tinha a opção de torcer para a Ponte Preta. Esse foi o primeiro ponto negativo da idéia de ir ao jogo. O segundo é que os R$ 10 não foram lá suficientes. Sem saber onde era o Beira-Rio peguei um táxi. Foram R$ 25 na ida, mais R$ 25 na volta. Só aí R$ 50, mais os R$ 10p do ingresso e R$ 10 de um rádio vagabundo que tive que comprar na porta do estádio pois, na hora de sair correndo do hotel, na chuva, acabei deixando o meu para trás.
Pois é, leitor. Olha que programa de índio. Fui pro estádio na chuva, sem guarda-chuva pois não sabia que naquele lugar poderia entrar com guarda-chuva. Em Juiz de Fora eles evitam. No Maracanã não pode. Pra piorar, gastei R$ 3,50 com uma batata frita pequena, a única coisa comestível de lá e fiquei, no meio da torcida do Inter, fingindo torcer também pro Inter, mas vibrando com os poucos e tímidos ataques da “macaca”, como é chamada a Ponte Preta.
Quando a Ponte fez o gol cheguei a esboçar uns gestos com os braços, mas logo me toquei que poderia ser fatal no meio da massa colorada. E aí disfarcei com um: “brincadeira essa zaga heim!”. Mas para alegria de 99,9% do estádio o Inter venceu por 2 a 1. E eu saí do estádio sem graça e desanimado mas fingindo estar super satisfeito. Em resumo: em Porto Alegre eu agora estava solteiro, sozinho, sem empregada, sem graça, sem guarda-chuva e sem dinheiro...

No próximo episódio, minha ida ao jornal em Lajeado...


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sábado, 15 de dezembro de 2007

Episódio 2 - A perda do comprovante

Feliz da vida, com meu comprovante colorido, de duas páginas, grampeadas, detalhando horários e valores da ida e da volta, fui de ônibus para o Rio de Janeiro, onde pegaria o vôo para Porto Alegre. Junto levei um mapa de Porto Alegre, que desenhei toscamente, para conhecer as principais ruas e não ser enganado pelos taxistas daquela cidade. A mala hiper cheia para agüentar o frio do sul do país e a cabeça já pensando em como seria a nova vida naquele novo estado, nova cidade, novo jornal.
No aeroporto do Rio de Janeiro, no entanto, meus sonhos começaram a se transformar em pesadelo. Sem saber exatamente a distância entre rodoviária e aeroporto e sem muitas opções de ônibus na madrugada, acabei chegando ao Santos Dumont com três horas de antecedência no mínimo... Tempo suficiente pra dar algo errado. Claro. Cheguei lá, fiz o check-in no balcão da Gol e fiquei lá andando pelos cantos sem saber o que fazer. Mesmo em tempos que não tinha apagão aéreo eu tinha horas suficientes para ficar entediado.
Minha primeira decisão para acabar com o tempo livre foi ir ao banheiro e no banheiro mais longe que tinha. Pronto. Já foram alguns minutinhos... mais um tempinho e fui no banheiro de novo... depois fui comer um sanduíche, que pedi sem salada e veio com salada, ressalte-se. E nessas atividades cotidianas fui fazendo o tempo passar.
Faltando meia hora, 20 minutos pro momento de embarque resolvi ir ao banheiro longínquo mais uma vez, pra gastar os últimos tempos.
Lá fui eu, com meu mapa de Porto Alegre, que era minha única distração, e com meu comprovante da compra das passagens de ida (que já tinha usado) e de volta, grampeado junto. Eis que resolvo dar descarga no vaso, mesmo sem ter feito nada que merecesse, e quando aperto o botão os papéis caem da minha mão.
Foi questão de milésimos de segundo para fazer a escolha sobre qual papel eu iria salvar. Voei no tosco mapinha de Porto Alegre, feito à caneta, que era minha salvação dos taxistas mal intencionados de POA. E lá se foi o comprovante, caindo suavemente na água do vaso e sendo tragado pela pressão da descarga, inútil descarga que lá levou meu pobre papel. Aliás, que bela descarga viu. Funciona demais! Levou meu papel, minha esperança e minha alegria de ter tudo absolutamente organizado para minha primeira viagem aérea.
E assim o comprovante que me desesperei para imprimir estava perdido... nos esgotos da cidade do Rio de Janeiro. Poluindo o meio-ambiente e me fazendo pegar o vôo para Porto Alegre preocupado, sem saber a hora do vôo de volta mais...
No próximo episódio. O desembarque em Porto Alegre.

Continuem cadastrando no blog e fica mais fácil de vocês saberem quando tem novidade, já que, ao contrário da rede globo, não tenho horário certo pra colocar a novela no ar. Agora deixa eu continuar a arrumar a green house que hoje está uma bagunça e é dia de faxina. Fui!

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

A novela (Episódio 1 - A compra da passagem)


Olá grandes amigos. Saudades de vocês, já que há muito não escrevo no blog. Pois é, caro visitante, eu não tenho muitas desculpas para dar, mas quero ressalvar que o trabalho tem me impedido de vir até aqui com tanta freqüência como gostaria. Minha ausência pode ser colocada na conta do fim da CPMF ou das festas de fim de ano, mas o importa é que voltei. Agora pra ficar, porque aqui... aqui é meu lugar.
Por falar em lugar, a história de hoje não está ambientada no lugar comum da green house. Quero contar algo que já aconteceu há algum tempo, quando eu ainda não era solteiro, sozinho e sem empregada, mas que reflete em coisas que acontecem com um solteiro, sozinho e sem empregada mesmo quando este sai de seu humilde lar para imprimir novos rumos ao barco agitado que foi sua vida...
Fui fazer minhas velas ao mar lá em Lajeado, uma cidade da região metropolitana de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Isso tem pouco mais de dois anos. Eu tinha acabado de sair de um jornal no qual trabalhava em Juiz de Fora e resolvi que ia sair de casa pela primeira vez na vida. Enfim: era a primeira tentativa de me tornar um solteiro, sozinho e sem empregada.
O destino era um jornal lá de Lajeado, cuja oportunidade apareceu depois de meses de negociação e conversa com a chefia de reportagem do jornal. Fiz as contas de gastos, salário lá e resolvi que era hora de sair da casa dos pais em JF e encarar o desafio. Mas antes, precisava ir lá ver como era o lugar para me ambientar.
Para começo de conversa, caro leitor, eu nunca tinha estado em um aeroporto. Nunca havia tirado os pés do chão em um avião e nunca tinha ido para um lugar tão longe. E aí é que começam os dramas de um candidato a solteiro, sozinho, sem empregada, sem experiência e sem noção. Que você vai conhecer em episódios a partir de hoje! O mais engraçado é que vocês não poderão ver fotos dessa viagem pois, acredite. Dois anos depois, a máquina, que era daquelas ainda de filme, está guardada, sem que eu revelasse as fotos de lá. Já era...

Episódio 1 - A COMPRA DA PASSAGEM

O primeiro grande passo para uma viagem de avião é a compra da passagem. De posse de meu cartão de crédito, a única coisa que já tinha naquela época, fui até o site da Gol fazer a compra do bilhete.
Aliás, o cartão de crédito merece, sozinho, uma história. Em resumo, para que vocês entendam, eu havia adquirido ele duas ou três semanas antes, por insistência da operadora de cartões. Eles me ligavam todo dia por volta de 8h da manhã. Fizeram isso por uns três dias e minha mãe ia lá me acordar. Minha mãe não sabe mentir e por isso acabava dizendo que eu estava em casa. Eu ia lá, cheio de sono e recusava o cartão. Pedia pra ligar no outro dia, mas não tinha forças para cortar aquele mal pela raiz.
Pois bem. Certo dia, depois de uma balada, eu morrendo de sono, querendo muito dormir, percebi que a cada vez que eu recusava as histórias aumentavam, eles insistiam mais e mais e mais. E aí veio o ápice de minha pãocomsalamice: “quanto custa esse cartão?”. A mulher explicou que era 45 reais por ano. E eu, com sono e extenuado, fragilizado pela necessidade de minha cama, meu travesseiro e tudo mais, pensei: “Poxa, 45 reais por ano para que eu durma agora e eles não me liguem nunca mais? Para resolver de vez o problema? Vale a pena”. Enfim: comprei o cartão, que depois acabou sendo útil na viagem.
E voltando à viagem, naquela época ainda nem era tão comum a compra de bilhete pela internet assim. Mas lá fui eu no site da Gol comprar. Depois de escolher o hotel em Porto Alegre, escolhi os horários mais baratos para viajar, na madrugada e efetuei a compra do bilhete do Rio de Janeiro para Porto Alegre.
Até aí tudo bem, mas foi quando minha inexperiência começou a pegar. Não lembro exatamente quanto custava a passagem, mas não era nada barato e, após concluir a compra eis que uma mensagem na tela me arrepiou: “compra efetuada com sucesso, clique aqui para imprimir seu comprovante que será apresentado no check-in”.
Pera aí, tem que imprimir? Eu não tinha impressora. Pronto, perdi o dinheiro. Foi a primeira coisa que pensei. Lembrei do quanto era difícil ter aquela grana naquela época e pensei o quão burro fui eu que não tinha imaginado isso antes.
Tentei, em vão, salvar a página. As figuras não apareciam na cópia. Saía tudo errado. Claro que aquele comprovante não ia “valer”, na minha cabeça. Pensei mil vezes antes de fechar a porcaria da página, já pensando que tinha perdido todo o dinheiro, quando descobri que havia um login que lhe levava de novo à página quando você entrava novamente no site, de qualquer computador. Ave tempos modernos! Coisa óbvia, mas que você não imagina na hora do desespero. E assim consegui, na casa de um amigo, imprimir o tal comprovante com as passagens de ida e de volta e que nem eram oficialmente necessárias no balcão da companhia aérea.
No próximo episódio, contarei o drama da descarga do aeroporto!

Cadastre-se no blog (barra direita, acima) e eu aviso quando atualizar o blog. Lembrete: devo atualizar já amanhã com o novo episódio. Aproveitem e dêem sugestões de nome para essa novela.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Chacina no apartamento

Caros amigos do blog. Eu posso explicar! Não é nada disso que vocês estão pensando. Quem viesse aqui ontem, no início da noite, de fato acharia que ocorreu uma chacina no quarto único da green house. Sangue espalhado por todos os lados em um cenário de horror que fazia inveja até aos clássicos diretores de fotografia de “A morte do demônio” e coisas afins. Cá, assim como lá, no entanto, não se tratava de sangue, eu posso garantir. E não há nenhum exame de DNA que possa ser feito que me desminta.
Diversões de um solteiro, sozinho e sem empregada são as mais diversas. Em um fim de semana de folga então... tem de tudo. Depois de um sábado de badalação, com festa e uma saída que começou às 13h e só terminou às 23h46... o domingo era para ser de descanso. E, uma dica a quem não conhece: nada melhor para descansar do que um joguinho de “buraco online” com os amigos, no velho e bom gazzag... uma espécie de orkut ultrapassado que ninguém usa como orkut.
Pois bem. Lá estava eu e minha dupla, a Fernanda, lá de Londrina, jogando buraco em partidas ardorosas contra meus dois maiores rivais: Ludmila, também conhecida como “Liz”, “Cris” e outros afins lá pelas bandas de Ubá, e “Morbidelli”, cidadão vargense, quando aconteceu o momento fatídico. Para terem uma idéia do que significa jogar contra eles, em um comparativo somos tão arqui-rivais que seu eu sou o Popeye eles são o Brutus. Seu sou o He-man eles são o esqueleto. Se eu sou o professor Xavier eles são o Magneto. Em suma: eles são a CPMF da minha vida.
Mas é melhor tratar do assunto logo para que vocês possam rir à vontade de mim. As partidas de buraco online costumam demorar e por isso decidimos fazer um intervalo técnico de 48 minutos para que cada um organizasse sua vida em casa. No meu caso, a opção foi tomar banho. Antes, porém, de sair eu tinha pedido e comido um double habibs, comida típica da green house, e deixei os sachês de catchup que nunca uso em cima da cama, ali ao lado da cadeira do computador.

Quando voltei do banho, não percebi que o sachê havia caído e, ao puxar a cadeira para continuar o trabalho, eis que a rodinha passa diversas vezes por cima de todos os sachês de catchup possíveis, esguichando aquela pasta vermelha por todos os lados do chão taqueado e sintecado do “monoquarto” da green house.
Amigos, não é mentira. A cena fazia lembrar as mais cruéis chacinas já ocorridas em quaisquer eras nas quais existiu um duelo mortal. Era como se estivesse em uma cena de Kill Bill, com sangue espirrando por todos os lados. Cheguei a me imaginar como o “Maximus”, personagem central de “Gladiador”, em plena arena do Coliseu, em Roma, a lutar contra leões e todo o império de tão vermelho que ficou o chão embaixo de meus pés.
Enfim. Um catchupcídio que, se não deixou o chão vermelho de vergonha, como se fosse uma passeata de partidários de Hugo Chàvez após a derrota no referendo da reforma constitucional venezuelana, assemelhou-se a uma marcha do exército vermelho russo, ou chinês. Senti-me no site do PCdoB ou no meio da torcida do Internacional de Porto Alegre. Como diria o presidente Lula, “nunca na história desse país” se viu tanto vermelho em uma green house.
Imagine, caro visitante, o prejuízo que tal situação causa a um solteiro, sozinho e sem empregada, em pleno domingo de folga... a curtir horas de paz e tranqüilidade em seu lar. Depois de certa limpeza, razoavelmente eficiente, o vermelho desapareceu. Mas hoje, mais de 24h depois, ainda cismo em achar que essa casa está com cheiro de catchup. E o pior, amigo leitor: abdiquei do habibs hoje, mas acabei de pedir um quarteirão com queijo no Mcdonalds. Espero que venha sem catchup, para não repetir o dia em que a green house se tornou "red house" por alguns instantes.
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domingo, 2 de dezembro de 2007

Onde está a chave?

Esse é mais um daqueles posts em que vocês ganham o direito de rir da minha desgraça. E sei que esses são os que vocês gostam mais... Pois bem, a história é tão dramática ou mais do que as situações em que fiquei sem ônibus e sem dinheiro lá em Contagem, ou nas quais peguei a linha errada e fui parar lá em Macacos... É a típica coisa que acontece com um solteiro, sozinho e sem empregada. Principalmente por morar sozinho!
Fim de semana, principalmente quando tinha acabado de me mudar para cá, eu sempre usava para ir a Juiz de Fora ver a família. Agora nem tenho ido... mas antes eu ia duas, até três vezes em um mesmo mês. E em uma dessas ocasiões aconteceu algo que eu não vou esquecer tão cedo...
Minhas viagens a Juiz de Fora costumam ser corridas, chegando lá no sábado de manhã e voltando na madrugada de segunda-feira. Então preciso aproveitar ao máximo o tempo que ficou lá. Isso quer dizer que não tenho tempo para pensar em outra coisa e talvez tenha sido esse o motivo do desastre que me acometeu.
Já cansado do fim de semana, cheguei à rodoviária de Juiz de Fora 45 minutos antes do horário do ônibus partir e fiquei lá, fazendo hora até dar o tempo de partir de volta pra BH. Eu tenho essa coisa de horário. Acabo chegando cedo nos lugares para não atrasar. E fico lá, entediado, enquanto a hora não passa.
Demorou, mas chegou a hora de vir. Sento no ônibus, me acomodo, abro minha coca-cola, espero o ônibus sair do lugar e coloco o mp3 player para tocar paulinho da viola. Quando to no “quando a vida nos cansa e se perde a esperança o melhor é partir” toca meu telefone. Era minha mãe, que não rodeou demais:- Meu filho, tenho uma notícia ruim para você – disse, emendando.
- Você esqueceu sua chave aqui. Acabei de notar.
Eu sou um idiota então antes que perguntem se eu não tenho uma cópia em outro lugar eu respondo: eu tenho uma cópia da chave da minha casa, que está lá... em casa, dentro de casa.
Pois é. E não havia mais como voltar. Eu fiquei 45 minutos lá na rodoviária fazendo hora e ninguém, nem mesmo eu, percebeu que eu tinha esquecido a chave. Quando o ônibus partiu a chave foi descoberta. É o tipo de coisa que quem já leu os posts abaixo sabe... só acontece comigo!
Pois é. E aí eu tinha 4h15 minutos (é o tempo de viagem de JF pra BH de ônibus) pra traçar um plano mirabolante para solucionar a questão. Eu ia chegar em BH 4h30 da manhã mais ou menos... então não tinha a mínima idéia do que fazer para entrar em casa.
Minha primeira opção era tentar um asilo. Liguei pra casa do Marcelo, esse vizinho que mora no prédio e que sempre pode ser útil num momento como esse e detalhei a situação. Perguntei o que ele tinha de sugestão e meio que propus de ficar lá fazendo hora entre 4h30 e 8h, quando chamaria um chaveiro para arrombar a porta e liberar minha entrada. Ele falou que tava beleza mas depois lembrou do fato mais lastimável.
A porcaria do colchão que eu ficava quando tava hospedado lá estava, como minha chave reserva, dentro da minha casa. Ou seja, não adiantava. E nem sofá o cara tem também, antes que alguém dê essa sugestão.
O segundo passo foi tentar um chaveiro 24hs. O Marcelo arranjou um catálogo na portaria e me passou os telefones. Quando cheguei em Barbacena, na metade do caminho, liguei pro pobre coitado que trabalha até de madrugada... Claro que o cara não fica lá trabalhando a noite toda. È esquema de plantão. Ele deixa o telefone do lado da cama dele e acorda assustado com voz de sono.
Eu detalhei a situação. Perguntei quanto custava para arrombar a fechadura, trocar e expliquei (isso era 2h... mais ou menos) que eu só chegaria às 4h30 da manhã... Ou seja, basicamente eu disse pro cara: pode dormir mais um pouco. Só to te deixando de sobreaviso porque vou te ligar daqui a pouco pra tu vir aqui trocar a fechadura.
Cheguei, avisei na portaria e fiquei lá aguardando o cara. Entramos no prédio e, como eu nunca precisei arrombar uma fechadura de madrugada, não tinha a mínima noção de onde ficava a luz do corredor.
E aí, mais uma vez, fiz papel de ladrão né. Imagina, 4h30 da manhã... eu lá no corredor escuro, falando baixinho e o cara lá tentando arrombar a porta, com uma luizinha pendurada na testa e cheio de ferramentas. Só que nesse caso, como era o chaveiro que estava fazendo o serviço, eu fazia o papel de “mandante” do crime apenas.
Eu fiquei desesperado com medo de que alguém aparecesse. E se dona Maria do Carmo pensasse que era um ladrão e já saísse atirando pelos corredores? Até eu me explicar... e ela ainda iria alegar legítima defesa, lembrando que eu roubei o sal dela uma vez.
Sorte que o chaveiro era bom arrombador de portas e conseguiu abrir aquela fechadura vagabunda em menos de 2 minutos. O problema maior veio depois. Acredita que o infeliz não levou a fechadura nova? Disse que precisava medir, de acordo com a fechadura antiga e eis que tive que ficar lá esperando, com a porta sem fechadura, até que o viadinho fosse lá no serviço ou na casa dele buscar uma fechadura nova e voltasse.
E aí não sei se vocês se tocaram... eram 4h40 da madrugada! Eu não tinha dormido, primeiro pois já não consigo dormir em viagem... segundo pois passei o tempo inteiro bolando uma solução para o problema da chave. E pra piorar: eu tinha que trabalhar às 10h da manhã!!!! Sem poder dormir, o que eu fiz? Coloquei um colchão na sala encostado na porta, com o lado do travesseiro apoiando para que não abrisse... para tomar conta das minhas coisas enquanto não tinha fechadura e fiquei lá tentando cochilar, durante duas horas, até que o cara voltasse com a porcaria da fechadura nova. E trouxe uma fechadura mais vagabunda do que aquelas de armário de escola pública.
Claro que, quando chegou, eu não tive coragem de mandar ele voltar para buscar uma fechadura melhor... Até porque eu tava morrendo de sono e queria que ele resolvesse o problema para que eu fosse dormir em paz. E assim foi feito. Serviu pelo menos para trocar a fechadura da casa, já que eu desde que tinha mudado não tinha trocado. Mas vamos às simples lições do episódio:
1) Chaveiro 24h, arrombamento de porta e fechadura nova: 80 reais
2) Ficar horas desesperado no ônibus sem saber como entraria em casa, horas acordado escorando a porta com a cabeça e ver uma fechadura vagabunda ser colocada em sua casa: não tem preço.
Algumas coisas na vida o dinheiro não compra. É necessário ter inteligência. Para todas as outras existe mastercard...

Lembrete sagrado: Cadastre seu email na barra lateral ao lado e eu mando para vocês uma mensagem sempre que o blog for atualizado. Assim você não perde seu tempo e pode pensar em outras coisas como, por exemplo, onde colocar sua chave reserva :)

sábado, 1 de dezembro de 2007

O estilo green house!

A simpática Fernanda, que comentou no post abaixo, disse que agora, a cada vez que lê o blog, fica tentando imaginar um fogão verde, uma geladeira verde, um móvel qualquer verde... pois eu costumo dizer que, na green house, é tudo verde. Então esse post vai esclarecer o que é e o que não é verde na green house. Se não for suficiente, vou organizar uma excursão até aqui para que as pessoas vejam, in loco, como é minha casa, que virou referência em decoração no mundo moderno.
Pois bem. De fato aqui é uma green house. Todas as paredes são verdes. Verde água, bem claro para não enjoar. Mas são verdes. Minha casa parece uma grande limonada, imaginem só... E como eu sempre gostei de verde e sempre quis ter alguns acessórios verdes em minha casa, a pintura, que a dona do apartamento fez, acabou vindo a calhar (acho engraçada essa expressão: “veio a calhar”).
Òbvio que quando você vai decorar uma casa você tem que tomar muito cuidado para não ser brega. E o primeiro passo para não ser brega é não misturar nem exagerar. Não misturar significa usar poucas cores. Tenho um irmão que diz: passou de três cores é brega. O melhor é definir alguma como base e usar as outras apenas suavemente. Não exagerar é não fazer coisas absurdas como colocar móveis enormes na chamativa cor que escolheu. Tem que ser apenas uns “salpicos” (essa palavra é engraçada também) de cores fortes em um ambiente tranqüilo que você possa chamar de “lar doce lar”.


No caso da green house, a base é verde, mas o branco tem forte presença pra tranqüilizar o ambiente. Móveis são brancos. A única exceção é a estante da sala, que é tabaco com detalhes em prata e tem apenas as portinhas brancas. Isso porque precisa dar uma quebra com os eletro-eletrônicos (tv, home theater, vídeo e dvd) que são todos prateados ou cinzas sei lá. Mas tirando isso, o restante da casa ou é verde ou é branco. Vejam os exemplos.
Na sala, o sofá é branco, com almofadinhas verdes “tom sobre tom”. A mesa da sala tem toalhas verdes. São várias, então dá para manter sempre verde. Para não sujar a toalha, tenho jogos americanos (igualmente verdes) que coloco quando vou comer alguma coisa. O tapete da sala também é verdinho, bem chamativo, dando o toque final na decoração da sala. Na foto vocês podem ver que as xícaras e pratos também são brancos com detalhes em verde. Até os guardanapos são verdes.
Na área, onde está a máquina de lavar (ave máquina!) também há coisas verdes. A vassoura, o rodo, a pá... tudo verde. E a própria máquina de lavar (ave máquina!) tem uns detalhes pequenos em verde no painel.
Chegando à cozinha, você entra em um dos territórios mais greens da green house. O chão branco tem tapetes na entrada que vai pra sala, na entrada que vai para o quarto, no pé da geladeira, do fogão e da pia. Tudo verde. A geladeira branca tem detalhes em verde. Fogão e microondas são só brancos assim como móvel da cozinha. O filtro (sem galão até hoje) é verde. Os talheres têm o cabo verde. As tigelas e demais utensílios tais como conchas e etc são verdes. Potes, saca-rolhas e tudo mais... verdes! Esponja de lavar pratos, detergente e até aqueles paninhos tipo perfex são verdes também. Lixeiras e utensílios para colocar sabão, a esponja e outros também são igualmente verdinhos.
No quarto, junto do guarda-roupa e da cama brancas estão outros detalhes em verde. O telefone, por exemplo, é verde. Os lençóis obviamente não são sempre verdes. Eu tenho dois tons de verde para colocar em dia de visita. Para a green house ficar mais green do que nunca. Mas em outras ocasiões costumo usar jogos amarelos, azul claro, azul escuro e vermelho.
O banheiro é outro território bem green. Dois tapetes são verdes. Aqueles jogos de cobrir o vaso também são verdes. O desodor (aquela pedrinha ou líquido que colocamos no vaso para dar cheiro bom) também costuma ser verde na maioria das vezes. Toalhas de banho e rosto são verdes, principalmente quando tem visita. Quando não tem tenho toalhas de outra cor, mas uso mais as verdes.
Todos os acessórios como pote para colocar escova de dente, sabão, sabonete, baldes, vassourinha do banheiro, tudo é verde limão. O papel higiênico costuma ser verde água, tal como a parede. Completam a decoração: xampoos e condicionadores verde limão (são aqueles garnier fructis com ativo concentrado de frutas... esse nome dá uma noção de que o troço é muito bom), além de desinfetantes, esponjas e tudo mais.... claro... verdes.
Todo mundo que vem aqui acha bonita a casa. Mas todo mundo zoa o fato de ser tudo verde. Ainda mais porque ela continua verde até quando está bagunçada. Os jornais que eu deixo jogado possuem predominância do verde... a conta de luz que ás vezes fica em cima da mesinha do computador também tem predominância do verde. E assim vou vivendo na green house.
Foi da green house que surgiu a idéia de um green blog. Que vai continuar assim, green blog até que eu mude de apartamento provavelmente no ano que vem. E aí vou ter que repensar se a decoração será mantida no estilo “green” ou se vou eleger outra cor para o imóvel. O grande lance da green house é que ela virou uma entidade. Quando se discute se vamos fazer alguma coisa, logo alguém sugere: “vai ser na green house?” ou logo que se decide pergunta: “não vai ser na green house?”.
Outras pessoas acabaram adotando o tema e passaram a montar suas casas na linha da green house. Uma amiga do jornal, por exemplo, criou “red house”, que foca na cor base vermelha, com móveis pretos e paredes brancas. Está muito bonita também. E agora já começam a aparecer idéias de yellow houses, blue houses e até pink houses por aí. Virei referência em decoração. Tem a decoração estilo barroca, estilo neo-clássica, e estilo “green”. Vou patentear e começar a ganhar dinheiro com isso.

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